A divulgação do Programa Mais Educação pelo governo federal evidencia uma movimentação das gestões públicas (federal, estaduais e municipais) no sentido de criar alternativas educacionais para o contraturno escolar. Dá relevância também a criação cultural no ambiente de aprendizagem, para viabilizar uma educação que propicie aos alunos a liberdade e responsabilidade de pesquisa.
É tempo de valorizar os projetos culturais que trabalham oficinas criativas, oferecem perspectivas pedagógicas e mexem com a cultura da educação e o espaço da escola. É necessário marcar diferenças entre o que são oficinas criativas e o que são oficinas que apenas ensinam técnicas artísticas e desenvolvem atividades de ocupação. Marcar as diferenças permite também uma justa interlocução entre a perspectiva escolar e a perspectivas dos artistas e arte-educadores.
1
Oficinas Criativas são para as crianças aprenderem criando a partir da cultura e das linguagens artísticas. Nelas as crianças aprendem ler o mundo; compartilham desejos e objetivos comuns de criação; somam suas imaginações e dão força uns aos outros; produzem para apresentar-se, comunicar-se com o público e compartilhar com ele os estímulos; apropriam-se dos espaços da cidade, como praças, bibliotecas, teatros, escolas e museus para ao mesmo tempo lhes dar vida nova.
Oficinas de ocupação são derivadas de uma mentalidade assistencialista, cuja promessa principal feita à sociedade é tirar as crianças da rua e oferecer-lhes refeições e banho. Sustentam-se com o discurso de oferecer cuidados e não se preocupam em explorar e oferecer do mundo o que ele tem de melhor: diversão e arte.
2
Oficinas Criativas propõem uma pedagogia da liberdade criativa, lastreada nas linguagens da arte, desenvolvendo Leituras de Mundo a partir da pesquisa de textos literários, histórias, notícias, acontecimentos cotidianos ou extraordinários, gestos, atitudes, novelas, filmes, cenas, temas, passeios etc. Leitura é integrante do ato criativo. Prazer, interesse e escolha fazem parte do cardápio.
Oficinas de ocupação transpiram uma pedagogia da liberdade vigiada. Nelas os artistas, agentes culturais e arte-educadores são tratados como recreadores. Seus defensores sempre ressaltam que as atividades serão acompanhadas pelas direções das escolas, supervisores pedagógicos e professores do ensino formal. Toda essa estrutura hierárquica é imposta por uma razão simples: o preconceito de que os artistas, agentes culturais e arte-educadores precisam receber orientação, como se não tivessem referências educativas para ofertar.
3
Oficinas criativas utilizam “Pedagogias da Cultura”, com jogos teatrais, brincadeiras de roda, canções, sons, construção de brinquedos, fotografias, desenhos, pinturas, jornais, revistas, computadores e conversas. Tudo é estímulo. Essas pedagogias querem provocar a atividade das crianças; levá-las a tirar suas conclusões; não acreditar que adquirir conhecimentos seja distante de inventar, descobrir e explorar o mundo. São o que as linguagens artísticas podem oferecer em termos de recursos expressivos e ambientes criativos. Mas isso ainda não está reconhecido. Não é um sistema fechado e precisa de canais de troca e comunicação para evidenciar seus potenciais.
Oficinas de ocupação são aquelas tratadas como se fossem “hora do recreio”, depois acabassem e tudo voltasse à “vida normal” das salas de aula fechadas em si mesmas. É o “deixa como está para ver como é que fica”; a pedagogia sistêmica das escolas tradicionais. Sonia Kramer, pesquisadora atuante em processos de formação continuada de professores, aponta como dificuldades pedagógicas os professores não conhecerem outros fundamentos e por comodismo e medo de dar errado não se darem a liberdade de experimentar. Isso mostra a importância de um intercâmbio entre oficinas criativas e práticas escolares, ao invés de entregar uma aos limites da outra.
4
Oficinas criativas funcionam como escola de referências estéticas. Os alunos conhecem a diversidade das manifestações culturais. Lidam com elas como se fossem jornalistas e artistas, fazendo perguntas e fusões expressivas. Desmistificam a idéia de que os artistas são deuses e passam a desenvolver seus próprios potenciais artísticos.
Oficinas de ocupação chegam a ter atividades lúdicas, mas não conseguem transpor a idéia de que servem para evitar que as crianças corram riscos sociais. Muitos governantes gostam desse tipo de política cultural, porque fazem com que pareçam ter sérias preocupações. Mas esses são os que não conseguem fazer as coisas andarem para além do que o senso comum espera, portanto, não conseguem extrair da cultura seu potencial de afirmação dos direitos humanos.
Faço esses comentários porque participei e participo de políticas culturais sérias, como foi a Rede Cidadania, em Londrina, e está sendo o VivOurinhos, nessa cidade paulista. Ambas cheias de intensidade cultural. Cito, em nível nacional, o Programa Cultura Viva, integrando milhares de pontos de cultura. Essas experiências incentivam uma profunda e renovadora relação entre educação e cultura; comunidades, professores e artistas. Nelas as redes culturais conectam as ações dos projetos e das pessoas que deles participam, sem roubar ou neutralizar suas identidades. Elas indicam um futuro em que as políticas culturais são alternativas humanistas para a população.
É tempo de valorizar os projetos culturais que trabalham oficinas criativas, oferecem perspectivas pedagógicas e mexem com a cultura da educação e o espaço da escola. É necessário marcar diferenças entre o que são oficinas criativas e o que são oficinas que apenas ensinam técnicas artísticas e desenvolvem atividades de ocupação. Marcar as diferenças permite também uma justa interlocução entre a perspectiva escolar e a perspectivas dos artistas e arte-educadores.
1
Oficinas Criativas são para as crianças aprenderem criando a partir da cultura e das linguagens artísticas. Nelas as crianças aprendem ler o mundo; compartilham desejos e objetivos comuns de criação; somam suas imaginações e dão força uns aos outros; produzem para apresentar-se, comunicar-se com o público e compartilhar com ele os estímulos; apropriam-se dos espaços da cidade, como praças, bibliotecas, teatros, escolas e museus para ao mesmo tempo lhes dar vida nova.
Oficinas de ocupação são derivadas de uma mentalidade assistencialista, cuja promessa principal feita à sociedade é tirar as crianças da rua e oferecer-lhes refeições e banho. Sustentam-se com o discurso de oferecer cuidados e não se preocupam em explorar e oferecer do mundo o que ele tem de melhor: diversão e arte.
2
Oficinas Criativas propõem uma pedagogia da liberdade criativa, lastreada nas linguagens da arte, desenvolvendo Leituras de Mundo a partir da pesquisa de textos literários, histórias, notícias, acontecimentos cotidianos ou extraordinários, gestos, atitudes, novelas, filmes, cenas, temas, passeios etc. Leitura é integrante do ato criativo. Prazer, interesse e escolha fazem parte do cardápio.
Oficinas de ocupação transpiram uma pedagogia da liberdade vigiada. Nelas os artistas, agentes culturais e arte-educadores são tratados como recreadores. Seus defensores sempre ressaltam que as atividades serão acompanhadas pelas direções das escolas, supervisores pedagógicos e professores do ensino formal. Toda essa estrutura hierárquica é imposta por uma razão simples: o preconceito de que os artistas, agentes culturais e arte-educadores precisam receber orientação, como se não tivessem referências educativas para ofertar.
3
Oficinas criativas utilizam “Pedagogias da Cultura”, com jogos teatrais, brincadeiras de roda, canções, sons, construção de brinquedos, fotografias, desenhos, pinturas, jornais, revistas, computadores e conversas. Tudo é estímulo. Essas pedagogias querem provocar a atividade das crianças; levá-las a tirar suas conclusões; não acreditar que adquirir conhecimentos seja distante de inventar, descobrir e explorar o mundo. São o que as linguagens artísticas podem oferecer em termos de recursos expressivos e ambientes criativos. Mas isso ainda não está reconhecido. Não é um sistema fechado e precisa de canais de troca e comunicação para evidenciar seus potenciais.
Oficinas de ocupação são aquelas tratadas como se fossem “hora do recreio”, depois acabassem e tudo voltasse à “vida normal” das salas de aula fechadas em si mesmas. É o “deixa como está para ver como é que fica”; a pedagogia sistêmica das escolas tradicionais. Sonia Kramer, pesquisadora atuante em processos de formação continuada de professores, aponta como dificuldades pedagógicas os professores não conhecerem outros fundamentos e por comodismo e medo de dar errado não se darem a liberdade de experimentar. Isso mostra a importância de um intercâmbio entre oficinas criativas e práticas escolares, ao invés de entregar uma aos limites da outra.
4
Oficinas criativas funcionam como escola de referências estéticas. Os alunos conhecem a diversidade das manifestações culturais. Lidam com elas como se fossem jornalistas e artistas, fazendo perguntas e fusões expressivas. Desmistificam a idéia de que os artistas são deuses e passam a desenvolver seus próprios potenciais artísticos.
Oficinas de ocupação chegam a ter atividades lúdicas, mas não conseguem transpor a idéia de que servem para evitar que as crianças corram riscos sociais. Muitos governantes gostam desse tipo de política cultural, porque fazem com que pareçam ter sérias preocupações. Mas esses são os que não conseguem fazer as coisas andarem para além do que o senso comum espera, portanto, não conseguem extrair da cultura seu potencial de afirmação dos direitos humanos.
Faço esses comentários porque participei e participo de políticas culturais sérias, como foi a Rede Cidadania, em Londrina, e está sendo o VivOurinhos, nessa cidade paulista. Ambas cheias de intensidade cultural. Cito, em nível nacional, o Programa Cultura Viva, integrando milhares de pontos de cultura. Essas experiências incentivam uma profunda e renovadora relação entre educação e cultura; comunidades, professores e artistas. Nelas as redes culturais conectam as ações dos projetos e das pessoas que deles participam, sem roubar ou neutralizar suas identidades. Elas indicam um futuro em que as políticas culturais são alternativas humanistas para a população.
É o que penso.
Abraços
Dentinho